Alegoria da Pintura, Johanes Vermeer,c. 1666 |
Inaugurando o blog, uma pintura em que a musa do blog está representada: Clio. Sendo um blog sobre História, nada mais natural que a musa dos historiadores esteja no nome, nos posts sobre artes plásticas, em imagem na barra lateral. Enfim, nada mais natural que seja uma presença constante. A proposta do blog é justamente essa: ter História como tema, e também ensino de História e ensino em geral como temas correlatos.
Sendo a História, a grosso modo, a relação do homem com seu tempo e espaço, este blog não terá um enfoque específico, como História Política ou Econômica, mas ambas. E também ciência e as diversas artes. Seria um projeto ambicioso, fosse acadêmico. Mas o objetivo do blog é mostrar que o estudo de História envolve todos os aspectos da vida humana, e portanto é muito mais do que datas e fatos (como os que não admiram acham). Conseguindo que: a)professores tenham aqui um lembrete de eventos que podem ser considerados "curiosidades" em sala de aula mas que na verdade demonstram que TUDO é História e ;b) alunos do Ensino Fundamental, ao caírem aqui por acaso venham a descobrir que tudo que uma criança/um adolescente se interessam se relaciona aquela matéria nem sempre amada, se eu chegar a esses objetivos, então serei uma blogueira/professora/historiadora feliz.
Vamos então à apresentação do quadro
O pintor: Johanes Vermeer, holandês, viveu no século XVII, entre 1632 e 1675. Seu quadro mais coonhecido é o Moça com Brinco de Pérola, que até rendeu um filme em 2003. Vivia como comerciante de arte, mas não vendendo seus quadros. Fazia parte da guilda de pintores de São Lucas, a qual chegou a presidir. Morreu pobre. Para conseguir pensão, a sua viúva foi obrigada a vender todos os quadros que estavam em sua posse.
O quadro: a figura feminina representando o modelo do pintor é a musa grega Clio, inspiradora deste blog. A modelo é mesma de Moça com Brinco de Pérola, uma criada de Vermeer.Aqui está com seus principais símbolos: a trombeta, o livro e a coroa de louros sobre a cabeça. O mapa da parede é a representação do século XVII dos Países Baixos, terra de Vermeer (publicado por Cleas Jansz Visscher em 1636). Já o pintor é um auto-retrato.
Ao pintar uma modelo vestida de Clio, Vermeer enfatizou a importância do conhecimento histórico para o artista. No século XVII, era comum o conhecimento bíblico, mitológico, histórico e alegórico figurarem como temas a serem explorados de forma a demonstrar o conhecimento do artista. E o aparecimento de Clio e seus símbolos não foi o único elemento histórico na pintura.
Como pode ser visto neste link aqui, com o quadro bem detalhado, a parte de cima do lustre tem duas águias: é o símbolo do Habsburgos da Espanha. O mapa retrata um momento político anterior ao que Vermeer vivia, quando pintou o quadro: o momento em que o que é hoje a Holanda ainda pertencia à Espanha (a independência foi em 1648 e o quadro é de 1666). Conjugando-se esses elementos alusivos à Espanha católica com outros quadros de Vermeer, alguns especialistas defendem a hipótese de que Vermeer era cristão, opositor portanto dos protestantes que conduziram a independência da Holanda.
História do quadro: diz-se que a pintura preferida de Vermeer seja a Alegoria da Pintura.Não vendeu mesmo quando precisava para pagar dívidas e a família manteve o quadro, mesmo passando por dificuldades. Até 1860, não se sabia que o quadro era mesmo de Vermeer, mas um especialista na sua obra confirmou a autoria - suspeitava-se que poderia ser de Pieter de Hooch, contemporâneo de Vermeer. Depois dessa confirmação, passou a ser exposto publicamente no Museu Czernin, em Viena. Várias tentativas de compra foram feitas, até que na II Guerra Mundial ele foi comprado em 1940 por Hitler. Com o fim da Guerra, os norte-americanos a acharam numa mina de sal, juntamente com outras obras que ali estavam para não serem destruídas pelos bombardeios. Um ano depois do final da guerra, os norte-americanos devolveram a tela ao governo austríaco, estando a tela num museu vienense. Em 2009 os herdeiros da família Czernin, proprietária do quadro antes de Hitler, entrou com uma petição junto ao governo austríaco para voltar a ser proprietária da obra.
O pintor surrealista Salvador Dalí, em 1934, fez um quadro tendo como referência a Alegoria da Pintura: The Ghost of Vermeer of Delft Which Can Be Used As a Table
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